No ultimo post do Especial Viagem Bienal SP mostramos nossas considerações gerais sobre a 30º Bienal de São Paulo.
Como falta exatamente um mês para encerrar a bienal, nada melhor que finalizar este Especial com o TOP 10 dos artistas que gostamos, e que fica de recomendação para quem ainda não foi visitar.
O que vemos?
Uma descrição breve de um primeiro contato com a obra.
Como interpretamos?
Contará o percurso de reflexão sobre a obra numa visão pessoal minha.
O que é?
Trará brevemente a visão do Artista e/ou da obra.
Lembramos que na arte contemporânea, entender a obra não é saber o que o artista quer dizer, isso pouco importa, o que importa é o que ela te fez refletir. Mas enfim.... Preparados? Vamos lá!
Fernando Ortega (1º andar)
Não lembramos o nome da obra :~~ |
Fernando Ortega. Atalho I, 2010 |
O que vemos?
Na primeira: Que temos que subir um andaime para ver a obra dele.
Na segunda: uma foto com duas folhas, um grampo e uma formiga.
Como interpretamos?
Na primeira temos que subir o andaime para ver a obra, e era óbvio que esse percurso traria significados, subimos na esperança de ver algo incrível e tal, mas o que tem lá na verdade é apenas uma fotografia (ver lado direito da primeira imagem), nesta foto vemos várias pessoas no alto de uma montanha olhando para baixo, que é exatamente o que as pessoas fazem quando estão lá, a obra me remeteu o sentimento de "o que você veio ver, estava lá embaixo".
Após eu ver a primeira, consegui compreender a segunda obra (Atalho I). Se analisarmos sob o ponto de vista da formiga, ela está tendo um atalho (como consta no titulo da obra) entre uma folha e outra, porém este atalho foi posto ali, é artificial. De uma maneira mais simbólica ambas as obras me remeteram a refletir sobre os desvios da vida e sobre os caminhos que traçamos diariamente para chegar nos objetivos.
O que é?
Conforme o site da bienal o artista permeia por uma dimensão de experiência e do contato no dia a dia acelerado, sua obra busca interrogar os limites entre o real e suas possíveis representações.
Jiri Kovanda (1º andar)
O que vemos?
Um carro e um bolo
Como interpretamos?
Essa obra me fez refletir a questão da tecnologia vs coisas orgânicas/humanas. Um pensamento misto de "o carro fica, o bolo apodrece"
O que é?
Eu vi no vídeo dele, no canal da bienal, que na verdade ele só quer que percebamos os pequenos objetos mínimos que compõe nosso cotidiano...
Davi moreno (1º andar)
David Moreno. Silence, 1995. |
O que vemos?
Carinhas cinzas chatiadas fumando cones de papel.
Como interpretamos?
Associar o fato de que eles estão todos de olhos fechados ao titulo da obra Silêncio me remeteu a questões de morte, ao o silêncio da morte, ao ~~ nada mais.~~~
O que é?
O artista trabalha com questões sobre a mortalidade do corpo. Na verdade essa obra é composta por fotos de máscaras mortuárias de pensadores com cones de papel saindo de suas bocas. O trabalho quer retratar que mesmo estando mortos, suas ideias permanecem, ou seja, as boas ideias ficam e não podem ser silenciadas.
Ferdinand Kriwet (2º andar)
O que vemos?
Um fundo legal pra tirar foto para o instagram.
Como interpretamos?
Olha, sinceramente essa obra me agradou tão visualmente, que não tentei refletir sobre ela.
O que é?
Segundo consta no site da bienal o artista é poeta concreto. Saber dessa informação, dá bastante sentido a sua obra. Sua obra pensada muitas vezes em camadas e círculos sem direção, libertam o leitor de hierarquias textuais e estimulam uma nova experiência de linguagem.
Hans-Peter Feldmann (2º andar)
Hans-Peter Feldmann. Rádios de carro quando estão tocando boa música, 2004 |
Hans-Peter Feldmann. Beds, 2004 |
O que é?
Uma seleção fotográfica de ~~coisas~~. Fotos de sons de carro, fotos de bocas, fotos de sapatos, fotos de morangos... :)
Como interpretamos?
Na verdade, em todas as suas obras percebi um certo tom de humor... tanto na forma, quando nos títulos que levam sempre ao óbvio, parece que ele está ironizando a arte contemporânea. Onde aquilo que vemos nunca é aquilo que vemos. Entende?
O que é?
Feldmann evita explicitamente transformar a arte em comentário e em divagações. Aquilo que vemos, é aquilo mesmo, pelo menos é aquilo que o artista quer mostrar.
Tudo é permitido e a quantidade apenas é mais quantidade. A incorporação do banal à arte por Feldmann é totalmente isenta de bravata ou grandiloquência argumentativas, fator bastante comum na arte contemporânea. O artista quer com isso? Afirmar a ideia que a realidade se constrói subjetivamente. Feldmann edita séries de objetos encontrados ou culturalmente estabelecidos – preparando-os para que o espectador, ao contemplá-los, lhes atribua possíveis significados. Para isso exalta figuras, situações e contextos do cotidiano, justapondo séries de fotografia, seu interesse está na oposição entre objeto e os significados que o homem lhe confere.
Absalon (2º andar)
Absalon. Cellule Prototype nº 3, 1992 |
Uma casinha de boneca dos sonhos de toda a criança, tem caminha, cozinha, salinha, banheiro com chuveiro e tudo.
Como interpretamos?
Segundo o monitor, as medidas dos cômodos que compõem a casa foram todas baseadas nas medidas do artista. Gente é muito loco, porque né? Ele devia ser bem pequeno, mas enfim... eu associei essa obra como uma forma de refletir sobre o rumo das habitações na cidade, cada vez menor e essas coisas todas.
O que é?
O artista em questão, que é ex-soldado israelense, projetou esses cubículos que mesclam referências de fortalezas ou
prisões com a brancura antiornamental da arquitetura moderna. Ao entrarmos nas
peças, somos tomados por um misto de segurança e claustrofobia. Ele parte da relação entre homem e o espaço geométrico na forma de habitações escultóricas que criou baseadas nas medidas do seu próprio corpo, às quais deu o nome de células.
Hreinn Fridfinnsson (2º andar)
Hreinn Fridfinnsson. Jar, 2004 |
Hreinn Fridfinnsson. Attending, 1973 |
O que vemos?
Jarros e espelhos.
Como interpretamos?
Percebi que em ambas as obras a superfície está sempre presente tanto como o assunto, quanto em forma e conteúdo e que o artista brinca muito com esses truques de percepção, com o real e não real, e com isso pode se fazer várias associações.
O que é?
Essas duas obras em questão, funcionam como jogo de reflexão, ilusão e perspectiva e a combinação destes elementos cria significados que evocam a complexidade e ambiguidade da noção de espaço.
O que é real? O que é imaginário?
No caso dos Jarros, ele fala sobre a implantação de tendência do olho em "corrigir" uma imagem tal e interpretar uma continuidade, onde na realidade há uma fratura.
Neste caso, o artista apresenta ao espectador um enigma visual: o que se vê, com o que se sabe. Esse esforço do cérebro de flexão para resolver este conflito desperta a consciência sobre a conexão entre a mente e os olhos e o complexo processo de interpretação.
Sigurdur Gudmundsson (3º andar)
Sigurdur Gudmundsson. Situations: Triangle, 1980 |
O que vemos?
Uma série de fotos onde o artista está imerso nos objetos, castelinho de livros, sanduíche de pedras...
Como interpretamos?
Eu já tinha lido a respeito então minha cabeça já estava condicionada a refletir determinada coisa, mas agora vendo exclusivamente essa imagem, eu fiz uma associação com o homem e o conhecimento. Na imagem a maneira como ele se encontra (envolto por inúmeros livros) me faz parecer que os livros parecem servir de suporte para o artista, fazendo com que ele permaneça em pé. Assim parece que o artista quer estabelecer uma conexão e união entre conhecimento, cultura e o homem.
O que é?
A obra brinca com a interação entre o corpo do próprio artista e o ambiente ao seu redor, construindo uma poética que retrata a existência humana de forma humorística e pungente como parte da natureza. Sua obra está baseada em desvios de significados e inusitadas aproximações entre o homem e o ambiente elaborando uma visão poética e filosófica da existência. Estabelecendo relações de equilibrio e justaposição entre seu corpo e os mais variados objetos e contexto, o artista parece emoldurar, de maneira ao mesmo tempo drámatica e bem-humorada, o embate e o equilibrio entre natureza e cultura.
Bas Jan Ader. FallI, 1970 (veja o video) |
O que vemos?
Vários videos de ele caindo dos lugares, se espatifando do telhado, na água, no chão.... tipo cassetadas do faustão :)
Como interpretamos?
Eu também já tinha lido sobre esse artista, e eu acho que de todos foi o que eu mais tentei buscar informações, acho que o fato dele ter desaparecido e morrido durante sua performance na qual ele queria cruzar o atlântico sozinho num pequeno barco despertou essa motivação.
Bem, o que me vem a mente a partir dessas obras da série "Quedas" são duas coisas: primeiro é a fragilidade do corpo que parece a mais obvia para mim, mas segundo me vem uma questão de liberdade do corpo e da alma, essa queda, não precisa refletir só a questão do corpo caindo, mas pode abarcar outras ideologias, a queda em si é sempre algo que por natureza não podemos controlar, mas nesse caso o artista sabe que vai cair, então ele utiliza essa sua liberdade para provocar sua própria queda. Ele simplesmente cai, em uma amostra plena liberdade, ausência de condições ou limites e, portanto, expressa a liberdade, ou seja, a capacidade de agir ou não como resultado de sua escolha. Louco né?
O que é?
O site da bienal coloca que em tom ora dramático ora cômico e desprovidas de contexto narrativo, as performances de Bas Jan Ader evidenciam a noção de vulnerabilidade. Simples, misteriosas e implacáveis, as experiências às quais o artista se entrega parecem indagar o sentido da vida e da existência humanas.
Alair gomes (3º andar)
O que vemos?
Mais um especial com os melhores da G magazine.
Como interpretamos?
É complicado interpretar isso, a impressão que eu tenho é que quando se trabalha com algum teor erótico na arte, esse tem que ser muito dosado, para não cair no banal, pois toda a intenção da obra e as possíveis reflexões que ele poderia suscitar acabam sendo meio que afetadas pelo sentimento de pudor que as pessoas ainda tem ao se deparar com algo assim. E se a ideia é justamente questionar isso, beleza!
O que é?
Alair Gomes foi um fotógrafo que se destacou no status de mestre num quesito: mostra a beleza masculina com olhos nunca antes visto na fotografia no Brasil. Na verdade ele era um voyeur, ele ficava na janela de seu apartamento e espiava os homens e os fotografava sem aviso prévio. Depois descia e convidava-os para seu apartamento. Na Bienal, curadores da mostra precisaram cuidar para que a seleção de imagens em que os retratados aparecem nus não mostrasse o rosto dos modelos, já que o artista nunca pediu autorização para expor essas fotografias. ALERTA MOMENTO "CARAS": Engraçado, quer dizer não é engraçado, mas ele morreu estrangulado em seu apartamento. Muitos dizem que pelo próprio amante. D:
É com pesar terminamos aqui este post! É claro que deixamos de falar de PPPP, Allan Kaprow, do Bispo... optamos por não ir no óbvio, mas eles também tem o nosso amor <3
É com pesar terminamos aqui este post! É claro que deixamos de falar de PPPP, Allan Kaprow, do Bispo... optamos por não ir no óbvio, mas eles também tem o nosso amor <3