Exposição EXECUTE-SE do artista Jonas Esteves (CTRL+J)





Não podíamos deixar de divulgar!

Nesta quarta-feira (20/08) na Galeria de Arte Octávia Búrigo Gaidzinski acontece a abertura da mostra EXECUTE-SE do artista Jonas Esteves. 


A exposição faz parte do projeto Arte no Singular, desenvolvido pelo SESC, que prevê exposições individuais de artistas locais em cidades de atuação do SESC, que visa dar visibilidade e incentivo a produção das artes visuais na cidade, ampliando a compreensão em relação à arte produzida por seus artistas. 


A mostra EXECUTE-SE, que conta com a curadoria de Claudia Zimmer (Doutoranda, PPGAV-UFRGS), traz parte das investigações do artista acerca do funcionamento das máquinas, transfiguradas em engenhocas que podemos encontrar nas páginas de seu caderno de anotações. Como uma espécie de manual de instruções que aglutina texto e desenho, a exposição faz coincidir a ordenação a outrem, a ordenação à máquina e a ordenação ao próprio artista a fim de dar “vida” às coisas. 


 Robôs estão presentes há tempos na ficção científica. Na minha infância, tive bastante contato com desenhos em que o protagonista contava com o auxílio de robôs. Para além do auxílio, esses robôs e máquinas possuíam autonomia... e isso era o que mais me instigava. Adorava Super Máquina (seriado), Pole Position (desenho), entre tantos outros conteúdos que envolviam robótica. Mas, afora essa influência, eu queria saber como as coisas funcionavam, a parte elétrica, a mecânica, enfim... e meus primeiros brinquedos foram fonte dessa curiosidade, sendo que isso desencadeou o processo de criar meus próprios brinquedos. A partir daí fui desenvolvendo técnicas e aprendendo sobre o funcionamento das coisas sem manuais de instruções. Eram brinquedos quebrados, motores queimados e planos frustrados até começar a ter os primeiros resultados. Toda essa experiência adquirida foi se unindo a novos e retomando antigos projetos por uma busca de autonomia das coisas, tendo ainda como fator, talvez, a procura por preencher uma ausência... 
Jonas, em conversa com Claudia Zimmer 


Serviço
O quê: Mostra “EXECUTE-SE”, de Jonas Esteves
Quando: 28/08/2013, 20h (abertura). Até 27/09/13
Onde: Galeria de Arte Octávia Búrigo Gaidzinski (anexa ao Teatro Elias Angeloni)
Quanto: Gratuito

Mais informações e visitas mediadas:
(48) 3431-0153
galeriadeartefcc@gmail.com / arteeducacaofcc@gmail.com

Realização: SESC

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Jonas Esteves, conhecido artisticamente como Ctrl J, é um artista atento aos meios tecnológicos, busca a interatividade do público com suas obras, trabalha com meios tecnológicos e mídias digitais. O início de suas produções artísticas se deu através de pesquisa sobre artistas que trabalham com arte e tecnologia, como Stelarc - artista performático australiano, com fortes influências no futurismo, Giselle Beiguelman - artista multimídia, e curadora e Otavio Donasci artista plástico e performista teatral entre outros. Com embasamento nesses artistas, Jonas foi desenvolvendo o gosto pela tecnologia que tinha desde criança. Com o tempo buscou resposta para a poética que pretendia trabalhar e se aperfeiçoou em mecânica e eletricidade, para a melhor execução de suas obras. (MAZZUCHETTI, 2012)

Visite o blog do artista: http://ideactrlj.blogspot.com.br/ 



Projeto "Semana de Ocupação Urbana" aprovado no Edital Cultura Criciúma!





Alô alô gente bonita! Com muita alegria comunicamos que um dos projetos que inscrevemos no Edital 003/2013 CULTURA CRICIÚMA foi SELECIONADO!

Nosso Projeto prevê a realização da "Semana de Ocupação Urbana" que pretende executar 6 propostas artísticas de artistas iniciantes, que dinamizem e qualifiquem a ocupação dos espaços públicos da cidade de Criciúma, e possibilite aos habitantes novas formas de interação e fruição artístico-cultural.

Em breve iremos disponibilizar mais informações! Aguardem o Edital da Semana de Ocupação Urbana para inscrever suas propostas!! :)

Sobre o Edital 003/2013 CULTURA CRICIÚMA: 
O edital regulamenta a concessão de recursos financeiros destinada a incentivar atividades culturais na cidade de Criciúma/SC, de acordo com o que determina a Lei 6.158, de 24/09/2012.

+info aqui

O choque dos Acionistas Vienenses




Estamos em 7 Junho 1968, na Universidade de Viena juntamente com mais 300 estudantes em um evento da Associação de Estudantes Socialistas da Áustria. Estamos tendo uma palestra sobre a situação, a função e as possibilidades da arte na sociedade capitalista. Quando de repente ações simultâneas começam a acontecer:

Um homem nu, efetua com a lâmina de barbear alguns cortes no peito e coxa, se auto mutila, urina e bebe sua urina. Defeca a espalha as fezes em seu corpo,  enquanto canta o hino nacional austríaco. E então deita-se e começa a se masturbar. Outros homens nus, bebem cerveja enquanto realizam movimentos de simulação sexual, movendo ritmicamente as garrafas até a espuma atingir o público.

Kunst und Revolution, 1968. Universidade de Viena  Fotos: Siegfried Klein

Esse foi a ação Kunst und Revolution (Arte e Revolução) dos acionistas vienenses, grupo formado em Viena entre 1965 e 1970 pelos artistas austríacos Herman Nitsch, Otto Mühl, Rudolf Schwarzkogler e Günter Brus que levaram o gênero da performance a seus extremos.

 À primeira vista inaceitáveis tanto do ponto de vista moral quanto artístico, as propostas dos Acionistas foram gradualmente – e surpreendentemente – ganhando status de vanguarda dentro da História da Arte, assumindo um papel transgressor e se caracterizando como a forma mais violenta e agressiva de tratar o corpo e a moral no âmbito artístico de seu tempo...onde colocaram a negação absoluta da estética, da arte, do artista, sob o lema de liberdade e redenção.

Satisfazendo o apetite pelo sensacionalismo e espetáculo na arte, o próprio corpo era o suporte da obra e os materiais usados eram, além dos instrumentos de corte e perfuração, principalmente o sangue e as secreções do próprio, renunciando, desse modo, qualquer tipo de mercantilização.

Os acionistas consideravam que a podridão e a perversidade nas suas ações artísticas teriam, paradoxalmente, poderes curativos: o choque promovido pela indigesta arte do grupo teria a capacidade de purificar e redimir.


Hermann Nitsch

As ações de Nitsch, com uma estética meio gore, são voltadas para o sacrifício e o ritual,  num ataque direto aos valores religiosos, parecendo meio satânico, bacanal e sangrento.
Suas performances e happenings incorporam muitos elementos como animais abatidos, frutas vermelhas, música, dança e participantes ativos.

Em Orgien Mysterien Theater (Teatro das Orgias e dos Mistérios) ele satiriza e questiona a ética moral da religião, não somente ignora a velha separação entre o sagrado e o profano, o divino e o humano, mas se constitui também como uma forma eficaz de “profanação” de todos os dispositivos de poder (sexual, religioso, político, social), na medida em que ele desativa-os, coloca-os em crise, brinca com eles, destituindo-os de sua utilidade, fazendo um “uso novo” e operando assim a “neutralização de tudo aquilo que profana”.

Hermann Nitsch. Orgien Mysterien Theater. sd
Fonte: Nitsch


Hermann Nitsch. Orgien Mysterien Theater. sd
Fonte: Nitsch


 Rudolf Schwarzkogler

 Rudolf Schwarzkogler se volta para a artificialidade do corpo, que mais parece nos remeter ao sado-masoquismo, por meio da fotografia nos mostra seu corpo auto mutilado, recorrendo a atmosfera hospitalar, as simulações cirúrgicas, e ao ambiente catastrófico.

 Toda a sua obra consegue passar uma sensação de agonia, angústia, associada a um certo medo. Tem um carácter mórbido/sinistro, e causa até certo impacto. Talvez pelo mito formado em torno ao artista, talvez pelo formato cético da apresentação em preto e branco.

Rudolf Schwarzkogler. 3rd Action. 1965
Fonte: ArtNet
Rudolf  Schwarzkogler. 3rd Action. 1965
Fonte: ArtNet
Günter Brus

Günter Brus se centrará no corpo e em seus processos de resistência e de purificação, partindo do corpo como um suporte para a pintura sendo que a cor virá das substâncias que ele mesmo produz: sangue, secreções e excrementos.  Para isso introduz objetos como machados, tesouras, facas, garfos e lâminas de barbear, como contraponto a vulnerabilidade do próprio corpo, limite de violência e destruição.

Günter Brus. Zerreißprobe, 1970.

                                                                 Günter Brus. Selbstvertümmelung. 1965


Otto Mühl

As ações de Otto Mühl  se voltam mais para a liberação sexual pela via da perversão e do escárnio.

Em 1969, Muehl aparece na ação “Stille Nacht” (Noite feliz), em que um porco foi dilacerado e o seu sangue, bem como a urina e os excrementos eram atirados ao corpo de uma mulher nua, enquanto se ouviam canções tradicionais de Natal.


Otto Muehl. Stille NachtMaterialaktion Nr. 59. 1969
Fonte: UBUWEB


Para finalizar este pequeno estudo em torno dos Acionistas Vienenses na qual a literatura é pouco vasta, me permito dizer que suas ações mesmo chocantes, ainda sim são tendências em muitos trabalhos atualmente. 
E também deve-se observar que tal aversão se dá inclusive pela construção da imagem social do corpo que se tem.  Isso é base para muitos outros trabalhos de performance que buscam promover reflexão em torno dessas questões culturalmente tramadas não só a respeito do corpo  mas também de outros temas sexuais, políticos, religiosos e sociais. 

:)



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